Foi com esta frase que o médico psiquiatra e psicoterapeuta Vítor Cotovio, na sua apresentação na 1ª Grande Conferência de Saúde Mental, organizada pelo IIRH, pôs-nos a pensar sobre a importância de garantirmos o lado prosaico e poético nos nossos dias.
Tal como na vida, também nas organizações há este lado mais “racional” e mais “emocional”. Nada é preto ou branco, mas sim uma paleta de cores que resulta em diversidade e multiplicidade enriquecedoras.
Ao longo dos mais de 15 anos que temos de experiência a trazer os temas da psicologia para a esfera das empresas, temos, finalmente, sentido este crescendo na procura de informação, de sessões de sensibilização, de workshops sobre o equilíbrio que todos precisamos de sentir, de uma maior preocupação na atenção aos temas mais “humanos” dos colaboradores dentro das organizações.
Nesta conferência, com a presença de muitos profissionais responsáveis pelas áreas de recursos humanos e ligados à saúde, foram evidenciadas diversas práticas que algumas das empresas presentes já implementam no sentido de promover a Saúde Mental das suas equipas.
Mas será que as equipas sentem, no seu dia-a-dia, estas práticas? Será que os colaboradores sentem que podem efetivamente tomar decisões que promovam a sua saúde mental? Será que sentem que podem colocar as suas necessidades em relevância? Será que as pessoas ainda têm receio de trazer a “poesia” aos discursos de “prosa” que estão tão enraizados nas culturas organizacionais?
Do que conhecemos, a nossa resposta é que, e apesar dos esforços que vão sendo feitos, ainda estamos muito longe do que seria o ideal.
É necessário trazer estes temas da psicologia, do desenvolvimento humano, do auto-conhecimento, da regulação emocional de forma atrativa, facilitadora, alinhada com a realidade organizacional e, essencialmente, de forma impactante.
É necessário aumentar o dicionário emocional dos colaboradores. É necessário criar espaços de confiança onde possamos falar. É necessário potenciar momentos de segurança psicológica onde a base é a escuta. É necessário sermos genuínos na nossa empatia. É necessário criar mecanismos em que os colaboradores se sintam empoderados emocionalmente. É necessário (e urgente!) dotá-los de competências para que tenham a coragem de se colocarem verdadeiramente em primeiro lugar.
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades."
Luís Vaz de Camões
Que nestes tempos de mudança, tão frágeis e tão ambíguos, consigamos falar mais do nosso lado emocional, que consigamos cuidar mais de nós e dos outros e que consigamos trazer mais poesia aos nossos dias.
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